domingo, 13 de maio de 2018


O Trânsito é um problema social?
                                             

Certamente o trânsito tem que ser pensando a partir do social. Estamos em campanha do Maio Amarelo. Seu slogan: nós somos o trânsito. Então, se a cor já traz a atenção necessária pela vida, acrescentamos uma separação da palavra, amarelo, amar elos. Vejam que a cor escolhida, não é por acaso. E  para que esta iniciativa seja efetiva é imperativo a sociedade abraçar a causa, já que o trânsito somos nós.
Hoje as estatísticas dizem que estamos matando e morrendo demasiado no trânsito. Quase uma epidemia. Hora de nos perguntarmos, por que isso acontece?
Ora, sabemos que no trânsito temos vários atores em questão, pedestres, motoristas, ciclistas, agentes fiscalizadores e instituições. Também sabemos, e é realidade que os problemas de mobilidade urbana se tornaram complexos. Se entendermos a questão como Rozestraten, de que o trânsito é um jogo social, poderemos avançar e partir para as negociações, com isso criar primazias e critérios para lidar com os problemas.
Precisamos acordar para o progresso, utilizar os órgãos públicos para suporte na fiscalização, a engenharia necessária e a educação para fazer a coisa andar. Estas são frentes importantes para mudar o olhar e nosso comportamento no trânsito.
Outra inspiração, guardadas a devidas proporções, é o exemplo da França, que reduziu significativamente o número de acidentes de trânsito, para tal implantou um plano de ação que deu certo.
No Brasil temos por onde, no entanto, falta vontade política para que sejamos efetivos. Há uma nítida dissociação e pouco diálogo entre as instâncias que deveriam cuidar de tais questões. Mas, se temos como, é urgente colocar em ação as boas idéias, os projetos e envolver a sociedade civil a participar. Nosso desafio reside em como a sociedade poderá fazer parte, se a sociedade parece estar à parte? É necessário implementar e insistir numa cultura de educação no trânsito em todas as esferas. Para tal, sugerimos adotarmos junto com a campanha maio amarelo, que traz a importância e o respeito que devemos dar as pessoas e a vida, mais este slogan, trânsito: um bem social.

Artigo publicado na ZH online em 14/05/2018.

terça-feira, 20 de março de 2018



Viajar é fatal para o preconceito, a intolerância e a estreiteza de espírito.
                                                                                                                        Mark Twain

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018


Escolas podem surpreender!!

Neste carnaval de 2018 tivemos uma grande demonstração de educação por parte das escolas do grupo A do carnaval do Rio. As escolas carnavalescas mostraram que ensinar ou que as aprendizagens não estão tão somente e necessariamente no espaço escolar tradicional. Ambientes que naturalmente absorvemos e legitimamos que são as escolas, universidades, faculdades e equivalentes.
A leitura que apreendemos desta magnífica demonstração é que educação, ou as mais variadas formas de aprendizagens também passam pela proposta que as escolas apresentaram na avenida. O que notadamente foi traço, senão ideia central, na maioria delas foi a crítica contundente ao momento político e econômico que todos os brasileiros estamos passando, assim como reverenciar o que temos de bom na nossa cultura. 
Tanto nas alas que foram apresentadas com suas alegorias, com enredos lúcidos, pontuais e ferozes na crítica social, como a escola Paraíso da Tuiuti, a Beija Flor, trouxeram uma crítica importante para aplaudir de pé. Tudo isso associado à emoção que cada um colocou na passarela foram encenados de maneira poderosa e contagiante. É muito provável que muitos de nós nos sentimos representados, de alma lavada. Este é o país que queremos!  Irreverente, criativo, ousado e ético. Faz a festa, cai na folia, mas também mostra uma face politizada, libertando-se do cativeiro social.
Falta muito para gente mudar esse país. A festa, a farra da maioria dos políticos tem que acabar. As eleições estão chegando! Hora de mostrar nossa força, nosso poder nesta ação que é o voto!
Hora de colocarmos os blocos nas ruas que exijam mudanças e a boca no trombone, no megafone, no microfone, no fone! Até porque temos o que dizer e mostrar! Bora mudar Brasil!!



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Por uma cultura da saúde emocional

Janeiro branco é uma campanha por uma cultura da saúde mental, que se dedica a convidar as pessoas a pensarem sobre suas vidas, a qualidade de seus relacionamentos, o quanto elas conhecem de si mesma, suas emoções, seus pensamentos e sobre seu comportamento. Muito importante para a questão lembrada neste mês, é que possamos manter viva essa cultura pelos meses do ano e porque não, pela vida toda.
A idéia é pararmos para lembrar, refletir e falar no cuidado que devemos ter com a nossa pessoa, com nossa saúde emocional. É hora de desmistificar a questão, despatologizar quem busca ou acessa qualquer tipo de tratamento psíquico. Se sabemos e experimentamos que os afetos afetam, devemos sem pudores dar a devida atenção a esfera emocional.
Partindo do pressuposto que o ser humano é um conjunto que compõem corpo, mente e outros ingredientes da cultura, a maneira talvez mais interessante, que temos para bem conduzirmo-nos é se conhecendo. Retomando a máxima socrática “Conhece-te a ti mesmo”. Temos a responsabilidade, cada um a seu modo, de investir para que essa máxima possa operar em nós. Como diz o ditado popular: “há vários caminhos que levam a Roma”, ou ainda, há vários caminhos que levam ao rumo. Sabemos que dar um rumo criativo e saudável a vida requer de nós uma boa dose de autoconhecimento. Lembro-me de quando dei início a minha análise pessoal. Investimento que produziu efeitos, arrancando-me da vacilação deletéria, jogando-me no mar das palavras, fazendo com que pudesse acertar-me comigo mesma, reaprender a desejar e abrir-me a experiência do convívio com o outro. Tarefa trabalhosa, mas necessária para que pudesse imprimir certa liberdade e ousadia na vida. O cuidado de si gera o cuidado na relação com o outro e consequentemente com a natureza.
Saúde emocional de um povo também pressupõem políticas públicas e psicoeducativas. Começar o ano, ou seja, janeiro com essa proposta é pensar que sofrimentos, violências e segregações podem ser significativamente minimizadas e a vida maximizada.


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Democracia, o que é isso?

Motivada pelas discussões sobre o tema e sentindo-me chamada a pensá-lo em tempos de grandes conflitos sociais e políticos. Ambiente propício para a reflexão, até porque não podemos dizer que na democracia não há conflitos. Conforme a Enciclopédia Larousse democracia é: “um regime político que se funda na soberania popular, na divisão de poderes e no controle da autoridade” ou ainda “um sistema político no qual o povo exerce sua soberania por intermédio de órgãos representativos”. Como podemos perceber o significado de democracia nos faz apreender que se trata de um dos sistemas políticos, onde o povo exerce sua soberania política, econômica e social. Pois bem, esse é o sistema político brasileiro. Mas se este é nosso sistema político, então porque percebemos nosso povo cada vez mais submetido? E, mais, como é possível uma democracia de fato, se temos um povo do qual a maioria carece de reflexão sobre si e o mundo onde vive?
Parece inevitável pensar no povo que elege vereadores, prefeitos deputados estaduais, deputados federais, governadores, senadores e presidentes. Do livro Origens do discurso democrático, do querido e mestre Prof. Donaldo Schüler, extraímos que a democracia na modernidade traz consigo reflexos de seu nascimento na Grécia antiga. Mais precisamente no modelo proposto por Górgias, onde a figura do orador esta em evidência. Ora, os oradores da modernidade são os políticos, vereadores, deputados, senadores, presidentes e as mídias. O instrumento para a realização do orador é ainda, como antigamente, a retórica. A retórica é um jogo que depende das habilidades dos oradores. Nesta esteira, a democracia pode ser pensada como um jogo entre oradores e audiência. Sabemos na carne, que é o jogo democrático que define os rumos de uma nação. Onde os oradores são atores que interferem no julgamento e nas escolhas da audiência. Hoje, vimos claramente como os ouvintes na sua grande maioria não participam da argumentação - aquela que faz as leis -, são passivos e não estão blindados de uma proteção contra esta retórica. Então, como fazer a audiência participar significativamente do jogo democrático? Penso que a resposta é: educação!


Artigo publicado na ZH de 09/01/2018.

quarta-feira, 1 de março de 2017

“Toda nação tem o governo que merece”

Esta frase é conhecida e dita por muitos de nós. Usá-la-emos para nosso contexto político atual. Então, que leitura fazer da atualidade e dos governos que temos ou que devemos temer?
Pergunta boa, resposta complexa. Outro dia Leandro Karnal, professor e historiador fez uma leitura muito interessante da realidade atual. Trouxe algumas questões, onde algumas ficaram reverberando em mim. Karnal lembrou o que Lacerda havia dito sobre o Brasil, que éramos uma nação honesta governada por ladrões. Até poderia ter honestos na nação, mas a frase merece uma reflexão maior. Pois deixa de lado aspectos importantes. Concordo com Karnal quando este contesta um tanto a frase de Lacerda quando diz: não existe governo corrupto e nação ética. Pois, a nação empresta inevitavelmente seu tom ao seu governo, ou seja, a nação não deixa de ser o espelho do governo. Ou mais, a nação escolhe seu governo. Sei que a nação pode ser conduzida pelas mídias, discursos subliminares e tal. Mas todo povo, nação tem o governo que merece.
Importante entender que há corrupção por todo lado, há um comportamento social corrupto. O curioso é que vemos a corrupção como um mal fora de nós. Como sendo algo que acometesse ao outro ou aos políticos. A corrupção não está somente num ou noutro partido político. Ela está no ser humano, no sujeito.
Então não temos solução?
Não gosto desta palavra solução, por soar radical demais, buscar a solução pode ser uma tarefa impossível. Fadada ao fracasso. Talvez o fundamental nessa tarefa é combater o mal, ou combater alguns males da nossa cultura, como por exemplo: a misoginia, a corrupção, o racismo, a homofobia, a cultura do estupro, a cultura do medo e muitas outras culturas opressoras. Trata-se de um processo longo e necessário. Podemos estar a passos lentos, mas estamos andando. Hoje temos milionários, muito ricos e brancos na cadeia. Isso é bom, há algum tempo atrás isso era impensável. Se começarmos a respeitar o outro, seja quem for, é indício que temos jeito sim.
Uma questão importante de ser pensada é que na medida que temos a abertura e voz para vários movimentos sociais relevantes, temos também a construção de etapas para que estes movimentos se instaurem. Como as etapas da criminalização, da resistência e da celebração.  A celebração é fundamental, para restaurar a identidade dos movimentos, abrir espaços para ouvir as vozes, cores e nomes aos grupos. Mas a resistência existe e é real. Isso se faz na voz dos conservadores e dos preconceituosos. A criminalização estamos vencendo. Importante que estes discursos apareçam e que possam ser interrogados. Precisamos falar disso. Ou seja, combater fanatismos e absolutos com argumentos. A cultura do medo é o que temos de pior, pois atrás do medo temos, na maioria das vezes, grandes preconceitos.

Resta-nos escutar e respeitar as várias vozes, cores e sabores... o diálogo é o que temos de melhor, mesmo que este diálogo seja com um fascista.

Artigo publicado na ZH de 23/06/2017

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O mau uso da inveja


A inferência da economia social na economia libidinal é uma realidade e temos que lidar com isso. Até porque o pano de fundo de todas as engendrações humanas é o econômico.  Há atualmente um comércio de imagens, um convite ao abuso das imagens ou do campo imaginário.
Imaginário, Simbólico e Real são três registros caros a psicanálise lacaniana. Bases de todo o desenvolvimento, compreensão e prática psicanalítica, em especial a lacaniana. Lacan se diz freudiano, então nos dizemos freudolacanianos.
Muito do que faz problema no nosso convívio diário, está no campo das relações humanas, ou na economia das relações e o objeto em causa.  E este objeto toma várias, ou inúmeras versões. Por exemplo, ser excluído por não possuir o objeto de desejo de uma maioria. Desejo este pré-dado, encomendado pelo discurso capitalista que dita o que deve ser consumido. Entenda-se que discurso é aquilo que engendra um modo de ser e estar no mundo. Não ter a coisa, ou o objeto que representa um lugar de reconhecimento na cultura, traz prejuízo e possibilita o mau uso da inveja.

A passagem da representação da coisa para a representação da palavra é o trabalho na clínica psicanalítica, ou mais precisamente de uma análise.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Servos

Somos servos do discurso
Ou de um curso que nos
Leva ao nascimento
Depois...na vida o trabalho será 
tirar o cimento desse
Nas  cimento