terça-feira, 27 de abril de 2010

Ser para a morte

No texto As variantes do tratamento padrão dos Escritos de Jacques Lacan o sujeito “in statu nascendi” é uma realidade mortal, ou ser para a morte, da qual o eu é justamente o desconhecimento. Desde então o instinto de morte pode ser definido como a lembrança silenciosa da realidade. Essa interpretação é confirmada pelo que Lacan acrescenta sobre a transferência. Para que a relação de transferência possa escapar aos efeitos, como por exemplo o da análise conduzida, será necessário que o analista tenha se despojado da imagem narcísica de seu eu e de todas as formas do desejo onde ela se constitui, para reduzi-la a uma única figura que, sob suas máscaras, a sustenta: a do mestre absoluto, a morte. É justamente aí que análise do eu encontra seu termo ideal. A morte não se trata de um objeto que se possa ter alguma intuição – essa morte não tem nada a ver com aquilo que é dito no universal “todo ser humano é mortal”, se trata neste caso do ser para a morte que resta a ser reformulado, ou a se reformular para cada um num trabalho de análise.