A ética na clínica psicanalítica
A ética na psicanálise se constitui da práxis e não tão
somente da técnica. E a clínica é por excelência o campo da prática. Costuma-se
dizer que a clínica psicanalítica só é possível se há transferência. Uma das teses
de Lacan no Seminário 11 – os quatro conceitos
da psicanálise, é de que a transferência é a realização atualizada do
inconsciente, ou seja, ali ele se faz atual. Numa psicanálise o convite a falar
é uma das premissas. E o que a acontece com o sujeito está relacionado a fala. Dissemos
que o inconsciente se estrutura como uma linguagem. Ora, na fala do sujeito
veicula de modo velado o desejo, que aparece como enigma. Na transferência o
sujeito traz como demanda que o outro, no caso o psicanalista, dê a resposta -
sobre sua questão, seu sofrimento. O sujeito se queixa, se agarra a queixa e repete
a demanda de que alguém venha responder. A questão é o que o psicanalista faz
com este pedido, com esta demanda. Este é o trabalho de análise, ou seja,
“propor” que o sujeito tope com a falta e com isso se resignifique, se
reinvente. Está aí uma prática que indica uma ética.