Por que somos violentos?
A violência é histórica e endêmica, ou seja, é permanente na
espécie humana, traz e sempre trará prejuízos constantes enquanto existirmos. Impossível
esperarmos uma sociedade que seja pacífica. Dizemos isso para entendermos um
pouco algumas tragédias, como por exemplo, o que aconteceu em Newtown
(Connecticut) nos Estados Unidos, dezembro último e outros eventos semelhantes.
Interessante pensarmos que escolhemos por quem vamos fazer o
luto. Os americanos poderiam dizer que a sociedade brasileira é inviável, pois
matamos no trânsito tanto quanto ou mais que os americanos mataram na guerra do
Vietnã. E nós diríamos, que é melhor estar aqui do que viver num país onde as
pessoas entram nas escolas e matam pessoas. O importante nestes exemplos é que
não é possível prevermos atitudes de violência. É claro que existem casos
clínicos violentos e temos que tratá-los. Mas sabemos que em se tratando do ser
humano, sempre estaremos em território nebuloso. Até por que possivelmente já
passou pela cabeça de uma pessoa o desejo de matar alguém, mas daí em fazê-lo é
outra coisa. Uma passagem ao ato é o nome técnico dessa atitude que para além
do limite leva alguém ao crime. E mais, não podemos antecipar nenhum ato. Não
temos como nos proteger, há uma imprevisibilidade, isso é o que mais nos
angustia.
A tentativa de controle ou a tentativa de anteciparmos é um
equívoco. Isso não significa que não há nada a fazer. Talvez este é o risco
deste pensamento, ou seja, o de que não temos como antecipar, ou não temos
controle sobre nós, sobre o mundo e a natureza, então nada temos a fazer.
Há medidas a serem realizadas, temos que observar que existe
um novo laço social, que exige que cada um invente e se responsabilize por
isso, pelas suas escolhas. Este laço não responde mais aos grandes temas. Como
por exemplo: o cidadão pegar nas armas para servir a nação. Os jovens, ou a
nova geração está nos ensinando um novo jeito de nos relacionarmos. Eles dizem
não a esta ordem. Eles suportam uma articulação sem sentido, e suportam isso
sem problema. Há uma pulverização de sentidos e os jovens de hoje lidam melhor com
isso. Ao mesmo tempo que se vinculam se desvinculam com imensa facilidade. Na
maioria das vezes lemos isso aterrorizados, achando que estão perdidos, no
entanto somos nós que estamos assustados, ou engessados, com certa dificuldade
de renovar as ideias, conceitos e porque não, crenças. Há uma nova forma de
transcendência que não correspondem mais aos grandes símbolos, mas que também trabalham
símbolos. Os jovens não estão preocupados se você entendeu, mas se você sentiu
o que eles também sentiram, tá ligado?