sexta-feira, 15 de outubro de 2010



A direção do tratamento

Uma obra interessante para elucidar as referências do texto A direção do tratamento  do livro   Escritos de Jacques Lacan é História da Psicanálise na França de Elizabeth Roudinesco. É importante salientar que este texto A direção do tratamento esta perpassado pela questão do objeto. As psicoterapias tem como pressupostos que existe um objeto adequado ao que chamamos de falta. A diferença básica em relação a psicanálise, é que esta  vai escutar que o que esta em jogo numa análise é da ordem do fantasma. Lacan vai se interessar pelo que vem junto da demanda e que a partir disso possa se dar a interrogação pelo desejo. Podemos dizer que numa psicanálise se trabalha a demanda acolhida e não respondida.
Então,  dizemos  que a direção do tratamento vai se dar pelas palavras. Uma  das questões que estão presentes numa análise é: como eu me fundo? O neurótico tem um delírio, que é o da auto-fundação. Dizendo: não devo nada a ninguém, eu me fundo. Uma pergunta que remete a como se dá a filiação.   A saída mais fácil, e é o que aparece em algumas psicoterapias, é pelo modelo, ou seja, encontrar uma referência fática que vise uma garantia.
Para a psicanálise o ato de interpretação é a queda de um dito que sempre se colocou como verdade. O pressuposto da psicanálise é que nós estamos lidando com um ser falante. Neste sentido o discurso do psicanalista marca um encontro com a falta pelo analisante. Na neurose, por exemplo, evitamos a todo momento com força estrondosa em concluir. Extraindo a satisfação do adiamento indefinido, este adiamento tem a ver com a morte. A morte do objeto.
A felicidade seria um saber-fazer no coração do tempo com tudo o que isso significa de efeitos para o ser.