O que esperar
de uma análise?
Nossa cultura esta marcada pela queda dos ideais e por um
ceticismo com consequências nefastas, como por exemplo, o avanço e aumento das
práticas mágicas e promessas religiosas. Presenciamos com isso, o desejo da maioria
de nós por salvações absolutas, na espera possivelmente de um ser providencial
capaz de dar conta daquilo que nos falta. Enfim, trata-se da velha e eterna busca
da felicidade, no entanto, e necessário uma advertência, o ônus pode ser alto.
Qual é lugar, neste contexto atual, para uma análise, ou
seja, uma psicanálise?
Pois bem, distante de promessas vãs, sublinhando o valor da
singularidade e dignificando a condição de sujeitos advertidos de seus
submetimentos, a prática da psicanálise busca a transformação dos gozos. Cabe aqui
sublinhar algo que pode parecer incompreensível para o senso comum: um sujeito pode gozar sofrendo. E não só
isso, como também defende essa condição resistindo a modificá-la até que se
torne insuportável. Podemos dizer que, este gozo paradoxal, tira-nos a energia,
inibe a criatividade e restringe a liberdade. Resultando em uma vida de poucas
perspectivas e iniciativas e reiterados fracassos.
É possível que isso aconteça para muitos, este é o preço a
pagar para sustentar este tipo de existência. Mas para aqueles que tem a
coragem e se atrevem a realizar uma “tarefa analisante”, poderá haver a possibilidade
de se abrirem para outros gozos, menos sofredores quem sabe, entre os quais possamos
reconhecer o gozo da vida e do saber produzido nesta “tarefa analisante”.