segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ética  e estética

Os modos de conhecimentos, as formas de vida, nossas experiências estéticas estão pautadas por imperativos que são celebrados em inúmeras narrativas. Hoje, assistimos o apego as aparências e um certo crepúsculo de elementos que envolvem a criação. Possivelmente porque estamos tomados pela ânsia e velocidade das tecnologias. No processo das aprendizagens o risco é imanente, até porque a educação produz e é produzida pela cultura, que por sua vez se constitui destas narrativas. A reflexão é a maneira de enfrentarmos o risco de não sucumbirmos ao ponto de ficarmos reféns dos padrões discursivos, que como já dissemos opera na cultura. A cultura nada mais é do que fluxo.
É fato que a ética ocidental se pautou na busca do racional, base da ética na educação que perdurou séculos[1]. Hoje, temos claro a falência das narrativas com pressupostos essencialmente racionais. Sabemos que estas narrativas sofreram uma instabilidade intensa. Com o rompimento da unidade da razão surgiram inúmeros modos de vida, e com isso a pluralidade, a diferença e a alteridade. A educação foi a que mais sofreu com a crise da racionalidade. Estando esse racional em crise é necessário que possamos pensar em outras formas de produzir conhecimento, produzir modos de viver, e neste momento que propomos pensar a experiência estética como propiciadora destas novas criações.
Podemos inferir e dizer que nosso país, o Brasil, a partir dos eventos últimos, ou seja, os movimentos, as redes sociais, a presença do povo nas ruas, com o emblemático chamado, “o gigante acordou”. Tudo isso pode servir como um exemplo do que pode compor numa experiência estética. Isto é, não tem como passarmos por uma experiência estética e sairmos iguais. 
Na experiência experiência estética temos que não é possível buscar um sentido a priori, são necessários sentidos, estes a serem criados, ou seja, dado por quem navega. Na verdade essa é a especificidade do conceito de significante na psicanálise. Nós não temos como organizar o mundo do entorno se não metaforizarmos. “(...) o perder-se no interior do caminho da compreensão, faz parte de todo processo criativo. Qualquer forma de pensamento e de expressividade estética está impossibilitado de existir, se, durante sua caminhada, não perder um naco de suas intenções primordiais, justamente para que possa retornar a algo que estava alhures, mas pensava encontrado.” (Bairon, 2005, p.79.)

[1] Este aspecto foi trabalhado na minha dissertação de mestrado: A ética na educação: uma perspectiva psicanalítica, no Cap. 2 – A ética na educação, p.19-36.