terça-feira, 6 de julho de 2010

“Semideuses não aceitam derrotas”

Li esta frase no artigo de Luiz Coronel, por sinal muito bem escrito, na ZH de hoje (06/07/2010). O autor da frase escreve sobre a copa do mundo e do jogo do Brasil 1 x 2 Holanda. Estava pensando em escrever sobre este evento, até porque todos brasileiros acabamos por expressar nossa teoria acerca da derrota do Brasil. Não pretendo lançar teoria, apenas refletir sobre a coisa. Quem não lembra desse hino do Brasil em copas: “A copa do mundo é nossa. Com brasileiro não há quem possa.” Tudo bem que foi um hino pós-conquista de copa. Só que nesta postura de semideus reside um ímpeto que não leva em conta o outro. Ou seja, não se aceita não ganhar. Perder passa a ser um verbo excluído, uma foraclusão do fracasso. Não pode sequer entrar no vocabulário. Parece que a preparação psicológica, ou aposta absoluta no pensamento positivo, que não leva em conta as adversidades, a falta, o desamparo, a seleção nesta copa teve um axioma a bordo: vamos lá buscar a taça, afinal ela é nossa. Tudo é nosso. Acontece que a realidade, que na maioria das vezes é dura, foi deixada de lado. Com data marcada para a festa não levamos em conta as adversidades no caminho.
É claro que é bom termos propostas entusiastas, criativas, mas temos que  levar em conta que o pensamento positivo não é suficiente.  A desvantagem que o Brasil teve que enfrentar no segundo tempo de jogo para a Holanda, despiu a total falta de preparo para lidar com a situação adversa.  Parece que “nossos meninos ricos não estavam preparados para perder”. Perderam-se, ficaram sem rumo, não contavam com a possibilidade, ou seja, não levaram  a realidade em conta, que compõem necessariamente a presença do outro.
Outra pérola que tiro do artigo de Luiz Coronel é onde ele bem lembra John Gerassi que dizia o seguinte: “os povos latino-americanos vivem de frente para o mar e de costas entre si”. Uma hostil rivalidade, recíproca, diga-se, mas que é muito fútil. Vou torcer para o Uruguai.